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Tesla, Novo Nordisk e florestas? Entenda a importância do fundo soberano na Noruega

Nas últimas semanas, o famoso e trilionário fundo soberano da Noruega ganhou protagonismo no noticiário. Não só porque anunciou um aporte de US$ 3 bilhões no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), anunciado pelo presidente Lula durante a COP30. Mas também porque teve destaque durante a votação de investidores da Tesla […]


Nas últimas semanas, o famoso e trilionário fundo soberano da Noruega ganhou protagonismo no noticiário. Não só porque anunciou um aporte de US$ 3 bilhões no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), anunciado pelo presidente Lula durante a COP30. Mas também porque teve destaque durante a votação de investidores da Tesla sobre o superpacote salarial de Elon Musk – votou contra, aliás – e anunciou que iria se abster de votar numa assembleia da farmacêutica Novo Nordisk para a escolha do novo conselho de administração.

Mas por que as decisões de investimento do maior fundo soberano do planeta têm tanta importância para os mercados de ações e de dívida? O InfoMoney listou as principais informações sobre esse fundo de investimento estatal.

De onde vêm os recursos do fundo?

O governo norueguês idealizou o Fundo em 1986 para acumular o excedente das receitas do petróleo do país. A gênese, no entanto, vem de 1960, quando A ideia o governo do primeiro-ministro Einar Gerhardsen reivindicou a soberania sobre a plataforma continental norueguesa, abrindo as postas para a exploração e gestão de recursos naturais no Mar do Norte. O anúncio da descoberta de petróleo na região aconteceu na noite de Natal de 1969. Em 1974, surgiu o primeiro plano de como a nação deveria administrar a riqueza petrolífera. A primeira proposta concreta de um fundo surgiu em 1983 e previa que o governo deveria acumular essa receita e gastar apenas o retorno real.

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Quais as bases do fundo desde sua criação?

A criação do Fundo foi aprovada pelo Parlamento da Noruega em 1990, com o objetivo de apoiar a gestão de longo prazo da receita do petróleo pelo governo. A estratégia também foi de dar ao governo espaço de manobra na política fiscal em casos de forte oscilação nos preços do petróleo ou se a economia do continente passar por forte contração. Outra ideia foi usar os recursos como ferramenta para gerenciar os desafios financeiros de uma população que envelhecia rapidamente. Assim, o Fundo foi projetado para investimentos de longo prazo, mas de uma forma que possibilitasse seu uso emergencialmente quando necessário.

A primeira transferência de capital feita ao Fundo pelo Ministério das Finanças aconteceu em 1996, seguindo o mesmo padrão que o banco central adota para a formação das reservas cambiais do país. Isso implica que todos os ativos seriam investidos apenas no exterior, para evitar um superaquecimento da economia norueguesa.

Onde o fundo investe?

O Norges Bank Investment Management administra o fundo soberano de quase US$ 2,1 trilhões da Noruega, hoje o maior do mundo. No total, 70 países recebem os recursos, espalhados em mais de 11 mil tipos de investimentos. Mais de 70% dos recursos estão no mercado acionário global, cabendo cerca de 27% no mercado de renda fixa (títulos públicos), mercado imobiliário (1,9%) e em infraestrutura de projetos de energia renovável (0,4%).

Naturalmente o aporte está bem posicionado entre as big techs: tem cerca de US$ 51 bilhões investidos em Nvidia, quase US$ 50 bilhões na Microsoft, mais de US$ 38 bilhões na Apple e quantias superiores a US$ 20 bilhões na Amazon, Alphabet e Meta. É por essas participações que o fundo foi uma das vozes ouvidas no caso do salário de Elon Musk: até outubro, o aporte na montadora de carros elétricos Tesla era de US$ 11,7 bilhões, o equivalente a 1,24% do capital.

E no Brasil?

O fundo soberano da Noruega tem forte presença na Bolsa brasileira, com aportes em 97 companhias listadas. A maior participação hoje é na Construtora Tenda, com 4,71% do capital da companhia. O investimento na Hapvida representa 4,38% do capital da empresa, enquanto na MRV chega a 4,16%, na Localiza está em 4,11% e no Magazine Luiza em 4,03%. O maior aporte, no entanto está em Petrobras – o equivalente a US% 880 milhões, ou 1,17% do capital da empresa.

Na renda fixa, o fundo tem cerca de US$ 700 milhões em títulos do Tesouro.

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E o desempenho?

No final de outubro o NBIM divulgou retorno de 5,8% para o Fundo durante o terceiro trimestre, impulsionado por fortes ganhos no mercado de ações e pelo otimismo com os investimentos em inteligência artificial (IA) até então. O retorno sobre seus investimentos apenas em ações no trimestre foi de 7,7%, enquanto na renda fixa ficou em 1,4%. A infraestrutura de energia renovável adicionou 0,3% ao fundo, enquanto o setor imobiliário retornou 1,1%.

No anúncio dos resultados, Trond Grande, vice-CEO do Norges Bank Investment Management, disse que os fortes ganhos do mercado de ações em materiais básicos, finanças e telecomunicações ajudaram a impulsionar o desempenho durante o trimestre. Ele também citou o forte impulso percebido no portfólio da região Ásia-Pacífico, especialmente no Japão e na Coreia do Sul.



Fonte: Infomoney.com

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