O processo eleitoral no Corinthians ganhou um novo capítulo com a promessa de um aporte bilionário caso André Castro seja escolhido presidente nesta segunda-feira. O candidato, que disputa a vaga deixada por Augusto Melo, afastado por impeachment, afirmou que uma empresa chamada GSP se compromete a investir até US$ 1 bilhão no clube, ou seja, mais de R$ 5 bilhões.
Seus adversários na corrida eleitoral que pode ter até 300 votos são Osmar Stabile e Antônio Roque Citadini. Os dois levantam questionamentos sobre a veracidade dessa proposta.
Isso porque a GSP Banco de Fomento Mercantil Ltda, apresentada por Castro como responsável pelo investimento, não está registrada como banco nem como instituição financeira, apesar de ter sido descrita assim em entrevistas pelo candidato.
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De acordo com informações da Receita Federal, a companhia foi aberta em dezembro de 2010 e tem sede em Goiânia. Sua atividade principal é classificada como sociedade de fomento mercantil, conhecida popularmente como factoring. Esse tipo de empresa não se enquadra como instituição financeira e opera de forma distinta de um banco.
O mecanismo do factoring funciona pela compra de créditos de outra empresa. Um exemplo simples: uma loja com R$ 10 milhões a receber a prazo quer acelerar esse recebimento e pode vender esse valor para uma factoring, que antecipa o pagamento de R$ 9 milhões, por exemplo. A factoring assume o direito de receber os R$ 10 milhões no futuro e lucra com a diferença. A principal distinção é que bancos trabalham com o dinheiro de clientes, enquanto factorings atuam com recursos próprios.
Especialistas explicam que sociedades de fomento mercantil não são reguladas pelo Banco Central. Em caso de litígios, a legislação aplicada é o Código de Defesa do Consumidor, o que reforça que a GSP não tem o mesmo enquadramento de uma instituição bancária.
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Em entrevista coletiva, André Castro apresentou uma carta assinada pelo CEO da GSP, Carlos César Arruda. O documento afirma que a empresa está disposta a realizar um aporte financeiro de até US$ 1 bilhão com a finalidade de fortalecer o clube.
Na semana anterior, em nota enviada à imprensa, a GSP tentou detalhar sua atuação. A companhia se apresentou como gestora de ativos que segue instruções normativas do Banco Central e que possui licença para oferecer serviços de custódia, liquidação, administração de fundos, representação de bancos estrangeiros e consultoria financeira.
Afirmou ainda que, embora o registro permita também a classificação como factoring, seu foco estaria na gestão estratégica de investimentos e na representação de instituições internacionais.
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A empresa chegou a declarar possuir quase R$ 950 bilhões em patrimônio. Desse valor, porém, apenas R$ 1,7 milhão estava efetivamente disponível em caixa ou em banco. A diferença está em duplicatas e direitos sobre uma mina de ouro, o que foi alvo de questionamentos. O jornalista Demétrio Vechiolli chamou atenção para a inconsistência: não há clareza sobre a origem desse montante em duplicatas.
A promessa de investimento bilionário, portanto, não parte de um banco nem de uma instituição financeira reconhecida e regulada pelo Banco Central. O cenário abre espaço para dúvidas sobre a real capacidade da GSP de cumprir o compromisso apresentado na campanha eleitoral corintiana e faz torcedores lembrarem de outras tantas aventuras que terminaram mal em diferentes clubes no país.
Fonte: Infomoney.com