Um levantamento recente revelou que o Piauí contabilizou 3.387 acidentes de trabalho em 2024. Os dados, compilados pelo Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), revelam um perfil predominante das vítimas: homens, de cor parda, com baixa escolaridade e atuando em condições laborais precárias ou em setores de risco.
O estudo aponta que a maioria dos trabalhadores acidentados é do sexo masculino, representando 88,6% dos casos. Essa alta incidência reflete a concentração de homens em atividades consideradas de maior periculosidade, como construção civil e agropecuária.
Em relação à raça/cor, os trabalhadores pardos são os mais afetados, com 74,3% dos acidentes, seguidos pelos pretos, com 7,6%. A baixa escolaridade também se destaca, com a maior parte dos acidentes ocorrendo entre pessoas com ensino fundamental incompleto (17,4%) e ensino médio completo (16,9%).
A análise também revela que a informalidade e a precarização do trabalho contribuem significativamente para o número de acidentes. Trabalhadores autônomos lideram as estatísticas, representando 34,2% dos casos, seguidos pelos empregados não registrados, com 14,5%.
As ocupações de maior risco concentram um número significativo de acidentes. Pedreiros representam 14,52% dos casos (492 acidentes), seguidos por trabalhadores agropecuários (13,75%, com 466 acidentes) e motociclistas que realizam transporte de documentos e pequenos volumes (6,91%, com 234 acidentes).
O relatório também aponta uma preocupante falta de dados em algumas regiões do estado. O território Vale do Sambito apresenta o cenário mais crítico de subnotificação, com 92,86% dos seus municípios sem nenhuma notificação em 2024. Situação semelhante é observada no Vale dos Rios Piauí e Itaueira, onde 85,71% dos municípios também não registraram casos. Outras regiões, como Serra da Capivara e Cocais, também demonstram lacunas na vigilância.
Além da subnotificação geográfica, a qualidade da informação é comprometida pela falta de preenchimento de campos importantes nos registros. O desfecho do acidente não foi informado em 37,0% dos casos, a escolaridade não foi preenchida em mais de 40%, e o vínculo empregatício foi ignorado em 21,1% dos registros.
Fonte: portalclubenews.com