O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, questionou, nesta segunda-feira (30), a moral do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para falar sobre o aumento de impostos.
Ao discursar durante evento no Palácio do Planalto, o chefe da equipe econômica disse que Bolsonaro não reajustou a tabela do IR (Imposto de Renda) no período em que esteve à frente do Executivo federal. Nas palavras de Haddad, esse “é o aumento mais cruel de imposto que um presidente pode fazer”.
“O Bolsonaro fica com esse papo agora de falar de aumento de imposto. Deixa eu falar pra vocês qual que é o aumento mais cruel de imposto que um presidente pode fazer. Ele ficou quatro anos, mais os três anteriores, sem ajustar a tabela do Imposto de Renda. Sabe o que isso significa? Que quando um trabalhador que teve um aumento apenas pela inflação, se ele passar a faixa de isenção do imposto de renda, ele passa a pagar o imposto de renda, ganhando a mesma coisa, simplesmente pela crueldade de congelar a tabela de isenção como ele fez durante quatro anos, quatro longos e tristes anos da história do Brasil’, afirmou Haddad.
“Qual é moral desse senhor para falar de aumento de imposto? Por que nós estamos fechando brecha para o andar de cima passar a pagar? Isso nós vamos continuar fazendo”, acrescentou.
Em março deste ano, o governo federal apresentou o Projeto de Lei 1.087/2025 ao Congresso Nacional. A proposta aumenta a faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil mensais e reduz o tributo para rendas entre R$ 5 mil e R$ 7 mil.
A compensação para a perda de arrecadação será feita por meio de uma nova alíquota efetiva mínima aplicável aos contribuintes que declararem rendimentos tributáveis superiores a R$ 600 mil por ano, ou R$ 50 mil mensais. Conforme a equação linear do projeto, a alíquota efetiva mínima só alcançará 10% a partir de rendas anuais de R$ 1,2 milhão.
Críticas a Bolsonaro
Logo no início do discurso, Haddad teceu críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele afirmou que o ex-chefe do Executivo sempre foge dos debates e comparou o período em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve preso em Curitiba, no Paraná com a atual situação de Bolsonaro, que é réu no âmbito das investigações da trama golpista em 2022.
“O senhor [Lula] nunca pediu anistia, nunca pediu perdão, nunca pediu nada disso. O senhor teve a dignidade de falar para todos nós, que tínhamos o privilégio de ter acesso ao senhor, de pedir justiça, pedir para ser julgado com base nas provas que tinham sido apresentadas. Esse [Bolsonaro] nem foi julgado ainda e já tá pedindo perdão, pedindo anistia, correndo, como sempre corre do debate”, declarou o ministro da Fazenda.
“Desde 2018, eu estou esperando esse homem para fazer um debate com ele, que está sempre fugindo do debate. Se esconde nas redes sociais e hoje veio, mais uma vez, fazer uma coisa que raramente ele faz: mentir, todo dia ele aparece com uma mentira nova”, ironizou Haddad.
*Com informações de Lucas Schroeder, da CNN
Fonte: CNN