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Saída de Horner é capítulo da ‘implosão’ da Red Bull, que pode perder Verstappen

O mundo da Fórmula 1 foi abalado nesta quarta-feira com uma notícia bombástica: a demissão de Christian Horner. O chefe da Red Bull não resistiu à pressão na equipe mais famosa no grid pela cobrança excessiva sobre seus pilotos. Desta vez, foi o próprio dirigente a vítima da conhecida “fritura” proporcionada pelos bastidores do time […]


O mundo da Fórmula 1 foi abalado nesta quarta-feira com uma notícia bombástica: a demissão de Christian Horner. O chefe da Red Bull não resistiu à pressão na equipe mais famosa no grid pela cobrança excessiva sobre seus pilotos. Desta vez, foi o próprio dirigente a vítima da conhecida “fritura” proporcionada pelos bastidores do time das bebidas energéticas.

Aos 51 anos, Horner se despede da equipe austríaca com um currículo de peso. Sob o seu comando desde 2005, a Red Bull conquistou 124 vitórias em 405 GPs. Ele liderou a equipe na busca por incríveis 14 títulos, entre oito troféus individuais, com o alemão Sebastian Vettel (4) e o holandês Max Verstappen (4), e seis do Mundial de Construtores.

Com este sucesso, o britânico era o chefe de equipe mais longevo da atualidade na F-1. Foram 20 anos de sucesso na empreitada da Red Bull na principal categoria do automobilismo mundial. Toda esta bagagem teria tornado Horner naturalmente uma lenda da F-1. Mas diversos episódios controversos abalaram a imagem do dirigente nos últimos anos.

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O maior deles foi a denúncia de “comportamento inadequado” em relação a uma funcionária da equipe. O caso estourou no início de 2024. De acordo com o jornal britânico The Sun, à época, Horner teria trocado mensagens de cunho sexual com a funcionária, que foi suspensa, sem receber salários, em março do ano passado, após fazer a denúncia internamente.

Horner negou todas as acusações, porém sua imagem foi abalada. E não melhorou após apurações internas serem encerradas sem nenhuma conclusão definitiva, absolvendo na prática o chefe de equipe. Se não houve sanções ou advertências internas, houve um início de insatisfação que começou a corroer as relações de Horner dentro do time.

Há pouco mais de um ano, o pai de Max Verstappen afirmou o que acabou se confirmando nesta quarta como uma “profecia”. “Há tensão enquanto ele permanecer como chefe. A equipe corre o risco de ser dilacerada. Isso não pode continuar do jeito que está, vai explodir tudo. Horner está se fazendo de vítima”, declarou Jos Verstappen, ex-piloto que acompanha a carreira do filho de perto.

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A insatisfação da família Verstappen cresceu à medida que a Red Bull perdia seu domínio nas pistas e sofria baixas nos bastidores. Após se impor de forma contundente nas temporadas 2022 e 2023, o piloto holandês viu a McLaren esboçar reação em 2024. Neste ano, o time inglês veio com tudo e domina com tranquilidade a temporada.

Ao mesmo tempo, a equipe austríaca não conseguiu entregar a Verstappen um carro competitivo. O tetracampeão vem buscando no talento resultados surpreendentes, mas não o suficiente para se colocar como ameaça aos pilotos da McLaren, o líder Oscar Piastri e o vice-líder Lando Norris. Irritado com a queda de rendimento, Verstappen se acostumou a fazer críticas públicas ao carro, até mesmo via rádio durante as corridas.

CLIMA DETERIORADO NOS BASTIDORES

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O clima interno na Red Bull vinha piorando a cada semana, no mesmo ritmo em que cresciam rumores sobre uma saída antecipada de Verstappen. Diante da fragilidade do time austríaco, a Mercedes perdeu o pudor de falar abertamente sobre o interesse no tetracampeão mundial, que tem contrato com a Red Bull até 2028.

Na semana passada, antes do GP da Inglaterra, Verstappen precisou vir a público para negar qualquer negociação com outras equipes. Mesmo assim, setores da imprensa britânica cravam que o holandês já tem acerto para se transferir para a Mercedes em 2026, ano-chave da F-1, com mudanças estruturais nos motores dos carros.

Se o holandês ainda segue na Red Bull, outros membros de peso se despediram nos últimos meses. Foram duas baixas de peso em um ano e meio. Um dos projetistas mais vitoriosos da história da F-1, o “mago” Adrian Newey se juntou à Aston Martin. E o diretor esportivo Jonathan Wheatley, outro dos cérebros do time, partiu para a Sauber. Todas essas mudanças ocorreram após a morte, em 2022, de Dietrich Mateschitz, o bilionário cofundador da Red Bull que criou seu projeto de F-1.

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Para especialistas, as duas baixas, além de outras de cargos de segundo e terceiro escalão, afetaram diretamente o rendimento da equipe neste ano. Newey, um dos mais experientes e longevos técnicos da F-1, é considerado o grande pai dos carros que levaram Horner aos 14 títulos na categoria.

POPULARIDADE EM ALTA ANTES DAS POLÊMICAS

Unanimidade na F-1 nos anos de sucesso de Vettel e, depois, no início da trajetória de Verstappen no time, Horner passou mudar sua imagem a partir de trocas inesperadas de pilotos na equipe. Atletas talentosos passaram a ser dispensados no meio da temporada por não alcançarem metas ambiciosas de resultados e performances na pista.

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A lista tem o russo Daniil Kvyat, o francês Pierre Gasly, o tailandês Alexander Albon, o mexicano Sergio Pérez, o neozelandês Liam Lawson e o carismático australiano Daniel Ricciardo. Destes, apenas Gasly e Albon seguem no grid da F-1. A Red Bull, então, passou a se tornar famosa por ser um lugar de “fritura” e cobranças extremas. Horner começou a ganhar imagem de vilão.

Contribuiu para tanto também a rivalidade com Toto Wolff, principalmente nas temporadas 2021 e 2022. Os chefes trocaram diversas frases polêmicas publicamente. Via de regra, Horner era quem costumava elevar o tom.

Em entrevista exclusiva ao Estadão em 2022, Horner afirmou que a rivalidade fazia parte do esporte e disse que não procuraria Wolff para aparar as arestas na difícil relação. “Eu não sinto que isso seja necessário. Acho que agora estamos em um novo capítulo. Também não sei se Toto estaria aberto para uma conversa. Claro que no ano passado nossa rivalidade foi intensa e muito competitiva. Algumas vezes isso acontece nos esportes. Competitividade e rivalidade, é disso que se trata o esporte.”

Nos anos seguintes, Horner conseguiu capitalizar parte desta rivalidade a seu favor, com ajuda da série “Drive to Survive”, da Netflix. O britânico foi um dos “personagens” que mais aproveitou o sucesso do documentário, conquistando popularidade fora do paddock, principalmente entre os novos fãs que a F-1 conquistou com ajuda da série.

De certa forma, Horner já tinha certo hábito diante dos holofotes. O britânico de 51 anos é casado com uma das mulheres mais famosas da Inglaterra, a cantora Geri Halliwell, fez parte do grupo Spice Girls, sucesso absoluto no país nos anos 90 e início dos anos 2000.

Antes mesmo da “Era Verstappen” na Red Bull, Horner já contava com o reconhecimento nacional. Em 2013, Horner foi homenageado pela monarquia britânica ao se tornar Oficial da Ordem do Império Britânico (OBE), título de cavalaria concedido a quem se destaca em sua atividade profissional.



Fonte: Infomoney.com

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