As tarifas de 50% para as exportações brasileiras aos Estados Unidos entraram em vigor nesta quarta-feira (6) sem que as negociações de setores que ficaram de fora da lista de exceção avançassem. Ainda assim, há expectativa de que produtos não cultivados nos EUA, como café e manga, entrem no país sem a tarifa adicional de importação, afirma Rubens Barbosa, ex-embaixador em Londres e em Washington e presidente do Instituto Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice).
“A gente vai ter que continuar a negociar para tentar reduzir os produtos que ficaram de fora da lista de exceção, e vamos esperar que entrem o que o secretário de Comércio [dos EUA, Howard Lutnick] tinha prometido, que é a eliminação das tarifas adicionais aos produtos que não são cultivados nos Estados Unidos”, afirma, em entrevista ao InfoMoney.
Segundo Barbosa, o objetivo é reduzir de 50% para 15% ou 20% as tarifas dos produtos que estão de fora da lista de exceção.
FERRAMENTA GRATUITA
Simulador da XP
Saiba em 1 minuto quanto seu dinheiro pode render
Negociações
Apesar da expectativa, as negociações entre os dois países não avançaram desde que a lista de exceções foi anunciada, esclarece Barbosa.
Na semana passada, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, havia declarado que poderia haver acordo para produtos que não são produzidos em solo americano. “Os Estados Unidos não produzem esses produtos. Então, poderiam entrar com tarifa zero”, disse Lutnick em entrevista à CNBC Internacional, sem citar países específicos.
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o pacote de ajuda para setores afetados pela tarifa deverá ser encaminhado ao Planalto nesta quarta-feira, com medidas como crédito para empresas e aumento de compras do governo. Na semana que vem, ele tem conversa marcada com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, para tratar do tema.
Continua depois da publicidade
Expectativa baixa
A falta de diálogo, até agora, com o governo dos Estados Unidos derruba a expectativa de sucesso pela inclusão de novos produtos na lista de exceção, na avaliação de José Pimenta, diretor de Comércio Internacional da BMJ Consultoria e professor de Relações Internacionais da ESPM, que esteve presente na missão de senadores enviada aos Estados Unidos antes do anúncio das tarifas de 50%.
“Os setores estão trabalhando junto ao governo para ele capitanear essas negociações, outros estão atuando in loco [nos EUA] para influenciar os pares, e outros estão esperando para ver o que vai acontecer, se haverá alteração na lista”, afirma. “As expectativas para que você tenha um aumento na lista de exceção ainda é muito baixa. As negociações estão em curso, mas não houve nenhuma manifestação dos EUA de incluir qualquer produto”, explica.
Na avaliação de Pimenta, essa dificuldade se dá porque os Estados Unidos seguem negociando outras tarifas com os demais parceiros comerciais que também são fornecedores dos produtos brasileiros que foram impactados pela medida.
Fonte: Infomoney.com