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Mais de 100 grupos humanitários e de ajuda cobram ações contra fome em Gaza

Dezenas de organizações humanitárias internacionais alertaram que o bloqueio israelense à ajuda humanitária em Gaza está colocando em risco a vida de médicos e trabalhadores humanitários, enquanto uma grande agência de notícias afirma tentar retirar seus jornalistas freelancers restantes porque a situação se tornou “insustentável”. Em uma declaração conjunta, 111 organizações humanitárias internacionais pediram a […]


Dezenas de organizações humanitárias internacionais alertaram que o bloqueio israelense à ajuda humanitária em Gaza está colocando em risco a vida de médicos e trabalhadores humanitários, enquanto uma grande agência de notícias afirma tentar retirar seus jornalistas freelancers restantes porque a situação se tornou “insustentável”.

Em uma declaração conjunta, 111 organizações humanitárias internacionais pediram a Israel que ponha fim ao bloqueio, restaure o fluxo total de alimentos, água potável e suprimentos médicos para Gaza e concorde com um cessar-fogo.

A coalizão alertou nesta quarta-feira (23) que os suprimentos no território estão “totalmente esgotados” e que grupos humanitários estão “testemunhando seus próprios colegas e parceiros se esvaindo diante de seus olhos”.

“Enquanto o cerco do governo israelense mata de fome a população de Gaza, os trabalhadores humanitários agora se juntam às mesmas filas de alimentos, arriscando serem baleados apenas para alimentar suas famílias”, afirma a declaração, cujos signatários incluem Médicos Sem Fronteiras, Anistia Internacional e o Conselho Norueguês para Refugiados.

A declaração ocorreu após uma dura acusação contra Israel por 28 países ocidentais, de que o país “injeta ajuda aos poucos” na Faixa de Gaza.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel rejeitou a declaração conjunta — que não foi assinada pelos EUA — por considerá-la “desconectada da realidade”.

O exército israelense “precisa parar de matar pessoas” que buscam ajuda em Gaza, declarou o principal diplomata da União Europeia na terça-feira (22).

“O assassinato de civis que buscam ajuda em Gaza é indefensável”, disse Kaja Kallas, alta representante da UE para Relações Exteriores, em uma publicação no X.

Nas últimas 24 horas, 15 pessoas, incluindo quatro crianças, morreram de fome em Gaza, segundo o Ministério da Saúde palestino, ligado ao Hamas.

“Casos de desnutrição e fome estão chegando aos hospitais de Gaza a todo momento”, expressou o Dr. Mohammad Abu Salmiya, diretor do Complexo Médico Al-Shifa, à CNN na terça-feira.

Médicos e agentes humanitários “desmaiam” de fome, diz ONU

Gaza já era fortemente dependente de ajuda e remessas comerciais de alimentos antes de Israel lançar sua guerra contra o Hamas, após o ataque de outubro de 2023.

Israel já havia culpado o Hamas por sua decisão de interromper os envios de ajuda, alegando que o grupo militante estava roubando suprimentos e lucrando com isso. O grupo negou essa alegação.

Autoridades israelenses também culparam agências das Nações Unidas, acusando-as de não receberem ajuda pronta para entrar em Gaza.

Mas a ONU afirma que as forças israelenses frequentemente negam permissão para transportar ajuda e que muito mais está esperando para ser liberado.

Caminhões de ajuda humanitária do Programa Mundial de Alimentação da Onu em Gaza em 2024 • Getty Images

No comunicado desta quarta-feira (23), a coalizão de agências humanitárias também criticou a controversa GHF (Fundação Humanitária de Gaza), apoiada por Israel e pelos EUA, que começou a operar em 27 de maio.

As organizações afirmaram que ataques a tiros ocorriam quase diariamente em locais de distribuição de alimentos.

Juliette Touma, Diretora de Comunicações da agência da ONU para refugiados palestinos, a UNRWA, afirmou em um comunicado separado que a busca por alimentos “se tornou tão mortal quanto os bombardeios”.

Ela criticou o esquema de distribuição da GHF como “uma armadilha mortal sádica”, afirmando que “atiradores abrem fogo aleatoriamente contra multidões, como se tivessem permissão para matar”.

E acrescentou que os cuidadores não conseguiam desempenhar suas funções devido à falta de alimentos.

“Médicos, enfermeiros, jornalistas, humanitários” estão entre os funcionários que estão “com fome… desmaiando devido à fome e à exaustão enquanto desempenham suas funções”, relatou ela.

Israel há muito tempo busca desmantelar a UNRWA, argumentando que alguns de seus funcionários são afiliados ao Hamas e que suas escolas ensinam o ódio contra Israel. A UNRWA negou repetidamente as acusações.

Até 21 de julho, 1.054 pessoas haviam sido mortas enquanto tentavam obter alimentos em Gaza — 766 perto de instalações do GHF e 288 perto de comboios de ajuda humanitária da ONU e de outras organizações humanitárias, segundo o porta-voz do escritório de direitos humanos da ONU, Thameen Al-Kheetan.

O exército israelense reconheceu ter disparado tiros de advertência contra multidões em alguns casos e negou responsabilidade por outros incidentes.

No final de junho, os militares declararam ter “reorganizado” as rotas de acesso aos locais de assistência para minimizar o “atrito com a população”, mas os assassinatos continuaram.

Na quarta-feira passada (16), o GHF informou que 19 pessoas foram pisoteadas até a morte e outra foi esfaqueada fatalmente em uma multidão em um de seus locais de assistência. Foi a primeira vez que o grupo reconheceu mortes em um de seus locais.





Fonte: CNN

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