Um gesto romântico e inusitado chamou a atenção na Serra da Capivara, no Piauí. Silvino Paes, de 19 anos, escolheu a pintura rupestre conhecida como “o primeiro beijo” para pedir Byanca Oliveira em namoro. A cena, que remonta a cerca de 12 mil anos, serviu de testemunha para o início do relacionamento do casal, ambos moradores de São Raimundo Nonato, um dos municípios que abrigam o Parque Nacional.
O pedido aconteceu no último sábado, dia 22, e foi cuidadosamente planejado por Silvino. Além do cenário singular, a ocasião contou com anel e buquê de flores, tornando o momento ainda mais especial. Segundo o jovem, a escolha do local se deu pela sua importância histórica e cultural. “Justamente pela significância do local, eu já conhecia e imaginei que fosse o lugar perfeito para o momento”, declarou Silvino.
O guia turístico que os acompanhava afirmou nunca ter presenciado um pedido de namoro no local, ressaltando a originalidade da ideia. Para Byanca, de 23 anos, a experiência foi única e emocionante. Ela descreveu o momento como algo além de um simples pedido, destacando o cuidado e a atenção de Silvino em cada detalhe. A jovem acredita que tudo foi cuidadosamente planejado, tornando o instante inesquecível.
A pintura rupestre escolhida como palco para o pedido de namoro é considerada por pesquisadores brasileiros como uma das mais antigas representações de um beijo. Estima-se que a imagem tenha sido feita há 12 mil anos, utilizando pigmentos naturais como óxidos de ferro e carvão. A doutora em arqueologia Maria Conceição Lage, conselheira científica da Fundação Museu do Homem Americano, explica que a interpretação da cena sugere duas figuras iguais se tocando pela face, o que remete à ideia de um beijo.
O Parque Nacional da Serra da Capivara, gerido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), abriga a maior concentração de pinturas rupestres conhecidas nas Américas. As imagens retratam cenas do cotidiano da época, incluindo caça, rituais e interações sociais e afetivas, como atos sexuais, beijos e abraços. O parque se tornou um importante centro de pesquisa e turismo, atraindo visitantes interessados em conhecer a história e a cultura dos povos que habitaram a região há milhares de anos.
Fonte: g1.globo.com